Munir o repórter de bons personagens para que o profissional consiga transpor os limites do “jornalismo-formulário” e ainda garantir ao leitor uma experiência humanizada, em que o texto não seja só guiado por números e estatísticas, tornou-se uma tendência que gera impactos muito positivos. A possibilidade de se reconhecer ou até mesmo de identificar um parente ou amigo naquela determinada situação apresentada gera engajamento, repercussão e interatividade.
Por conta disso, a humanização do jornalismo tem sido cada vez mais discutida em fóruns acadêmicos e também é colocada em prática com excelência por alguns colegas de redações. Mas em que sentido pode também ser a própria assessoria de imprensa realizada de uma forma mais humanizada? Que impactos essa mudança de postura pode trazer especialmente neste momento em que vivemos uma crise sem precedentes provocada pela pandemia do novo coronavírus?
A palavra de ordem para todos os estágios da comunicação – a empatia – deve, nesta fase, ser levada a sério não só com os intuitos mercadológicos, principalmente de perceber para que persona a organização está se dirigindo. É essencial ter em vista que esse é um momento estratégico para se posicionar por meio de uma postura de acolhimento e diálogo diário com uma sociedade que, em geral, encontra-se angustiada, perdida e, muitas vezes, desesperada.
E a empatia, para gerar resultados, deve estar presente em todos os estágios da comunicação
Todo o planejamento já realizado teve que ser repensado para atender às atuais necessidades das empresas diante das mudanças bruscas provocadas pelo vírus. Para um dos principais clientes da Savannah, por exemplo, a unidade do Sebrae na Paraíba, enquanto o ano começou com o foco em educação empreendedora e aumento na produtividade dos negócios, agora é necessário ter textos que foquem simplesmente em explicar como é possível o pequeno negócio ter acesso ao auxílio emergencial anunciado pelo governo ou como o uso de sistema de entregas pode fazer a diferença durante o período de crise e isolamento social. Tais abordagens são fundamentais para evitar, por exemplo, que essas instituições fechem as portas ou simplesmente mostrando estratégias já utilizadas por alguns empreendedores para superar o período, de maneira a inspirar e dar fôlego a outros profissionais.
A postura transparente e coerente com o momento por meio de uma assessoria de imprensa alinhada às principais necessidades da sociedade – mesmo que tudo isso tenha mudado do dia para a noite – é fundamental para que as empresas se fortaleçam e, mais do que nunca, mostrem sua presença como um norte ao seu público – mudanças na economia estão acontecendo vertiginosamente, mas também é verdade que o fato de estarmos inseridos em uma economia da confiança continua sendo o vetor das relações. A reputação vem da sua capacidade de mostrar ao cliente que está ao lado dele em todos os momentos. Assim, no futuro, ele vai lembrar do serviço oferecido não só como algo quantificável, mas, principalmente, como a marca que esteve de mãos dadas com ele e oferecendo auxílio em todas etapas, inclusive nas mais complicadas.
Tem mais gente nessa corrente
A empatia, por parte dos assessores de imprensa, deve se estender não só aos seus clientes ou ainda ao público-alvo dessas empresas, às quais fornecem seus serviços. Existe uma outra ponta da comunicação realizada por essa atividade, que muitas vezes passa despercebida por trás das notícias que constroem: são os próprios jornalistas, repórteres de rua. Tratar com empatia esses profissionais, que durante a pandemia do coronavírus estão sendo colocados diariamente à prova do seu próprio controle emocional, é fundamental.
Além da pressão causada pelos seus chefes para a produção de pautas e a dificuldade de se conseguir porta-vozes que se disponham a falar em tempos de isolamento, esses profissionais encaram uma realidade de demissões nas redações. Diante desse quadro, surge um desafio a mais para quem atua diretamente com a assessoria de comunicação.
Tratar tais profissionais com empatia é uma questão não apenas de respeito aos colegas de profissão, mas, sobretudo, de humanidade. Buscar facilitar a gravação de áudios ou vídeos que possam ser utilizados pelos veículos, estar em constante contato com os produtores, atento às nuances de cada veículo, ajudando a construir uma pauta que leve, de fato, um serviço de utilidade pública à sociedade são atitudes que sem dúvida estão há tempos no dia a dia de um assessor. Mas a diferença, agora, é que em meio a uma crise como a que vivemos, colocar-se no lugar do outro e entender as dificuldades que surgiram com o novo cenário em que vivemos é o que pode nos tornar não apenas bons assessores, mas sim assessores de imprensa humanos.
Rafaela Gambarra, Coordenadora Regional da Paraíba do time de Assessoria de Imprensa