No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que a estimativa em 2020 era de 65.840 novos casos, correspondendo a 29,2% dos tumores incidentes nos homens. A doença tem um alto índice de mortalidade. Em 2019, o número de óbitos em decorrência do câncer de próstata foi de 15.983.
Os dados apresentados acima mostram a necessidade de falar sobre a saúde masculina. Em meio a uma sociedade machista, é preciso superar preconceitos para cuidar da saúde, buscar ajuda médica e fazer os exames necessários. “Geralmente os casos vêm com a doença em estado avançado e irreversível justamente pelo estigma do câncer e o preconceito em buscar um serviço de saúde para relatar problemas masculinos. Precisamos quebrar o tabu em relação a exames. Com avanço da ciência podemos identificar em exames de sangue o início de casos que precisam de investigação”, afirma o Assistente Social Michel Keler, Mestre em Serviço Social e especialista no assunto.
Segundo Andréa Braga, presidenta do CRESS-PR, o debate sobre a prevenção da saúde do homem é relevante, visto que as doenças e agravos que envolvem a população masculina constituem problemas de saúde pública. “Ações de cuidado e prevenção não tem ocorrido de forma ampliada e efetiva devido aspectos culturais e limites no atendimento. É necessário que os serviços considerem e encarem esta situação, identificando as necessidades e sensibilização, intervindo com ações preventivas e de promoção à saúde” afirma a presidenta.
O Conselho Regional de Serviço Social do Paraná (CRESS-PR) apoia a Campanha Novembro Azul, dedicada à saúde integral do homem, mas lembra que é necessário falar sobre o assunto durante todo o ano. As (os) Assistentes Sociais atuam com essa quebra de tabus disseminando informações sobre o assunto, fazendo valer os direitos assegurados e atuar no acolhimento dos pacientes e seus familiares. “O Serviço Social tem uma contribuição na defesa de uma saúde pública, de qualidade e de valorização do SUS. Como profissão interventiva junto às políticas públicas, considera-se a saúde como direito universal e incondicional, legalmente assegurado na Constituição Nacional de l988, no âmbito da Seguridade Social brasileira”, acrescenta Andréa.
A idade é um fator para se ficar de olho, uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos. Outros elementos estão relacionados à genética, hábitos alimentares e estilo de vida, além do excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer de próstata avançado. “Manter hábitos saudáveis, praticar exercícios e manter os exames de rotinas em dia, principalmente em caso de patologias mais graves, é indicado, pois quanto mais precoce o diagnóstico, melhor resultado se obtém no tratamento e sobrevida”, afirma Keler.
Os principais sintomas que podem indicar câncer na próstata são alterações na urina, como dificuldade para início do jato urinário, a necessidade frequente de urinar, sangue na urina ou sêmen, disfunção erétil e fraqueza nas pernas e pés. “A porta de entrada para atendimento, diagnóstico e início de tratamento é a Atenção Primária. É importante lembrar que existem outros cânceres atrelados a saúde masculina, como câncer de cabeça e pescoço, testículo, fígado, pulmão, intestino, entre outros”, alerta Michel.