Práticas que despertam o comportamento empreendedor em crianças e jovens foram compartilhadas em evento na última sexta-feira (4) em Toledo
Compartilhar práticas, discutir e planejar o empreendedorismo em ambiente escolar foi o foco do 1º Encontro do Grupo de Trabalho (GT) de Educação Empreendedora. O grupo integra o Comitê Territorial dos Pequenos Negócios (CTPN) do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD) e deu início as atividades na última sexta-feira (4). Na pauta, reflexões sobre o que é empreendedorismo e de que maneira pode ser estimulado em crianças e jovens em instituições de ensino.
“Começamos a programação de ações do GT procurando entender o conceito de educação empreendedora, que vai muito além da criação e gestão de negócios, e compartilhar boas práticas já aplicadas em cidades do Oeste do Paraná. O objetivo final é pensar em como fazer para que a educação empreendedora seja, de fato, executada em todo o território como agente transformador”, explica a consultora do Sebrae/PR, Elisangela Rosa, que coordena o CTPN na região.
O evento aconteceu na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Toledo e reuniu representantes do setor educacional público e privado de 16 municípios. “Tivemos o compartilhamento de práticas desde os primeiros anos de Ensino Fundamental até o Ensino Técnico e Superior. Essa troca de saberes, vinda de segmentos diferentes, nos direciona a reflexões importantes que vão fortalecer a educação empreendedora em seu sentido mais amplo, de estímulo ao protagonismo”, reforça Evandro Nava, coordenador do GT de Educação Empreendedora.
Nos primeiros anos do Ensino Fundamental, por exemplo, podem ser trabalhadas questões como consciência ecológica, planejamento e comprometimento. “Partimos de ações que estimulam competências cognitivas e atitudinais, partindo do trabalho coletivo e os conscientizando do ambiente ao qual estão inseridos para que apresentem soluções criativas e coletivas”, enfatizou a diretora da Escola Municipal Dirceu Lopes de Foz do Iguaçu, Silzana Aparecida Rosa.
Maria Helena Barbosa, professora do Colégio Estadual Presidente Roosevelt, de Guaíra, também apresentou ações desenvolvidas na instituição para estimular o empreendedorismo nos alunos. “Além de negócios, trabalhamos a questão do empreendedorismo social. Neste ano, um dos projetos criados é trabalhar com o bullying. Conseguimos que essas ‘aulas’ entrassem no PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola, tudo feito pela iniciativa dos próprios estudantes”, comentou.
Novo paradigma
O professor do Colégio Estadual Padre Carmelo Perrone, de Cascavel, Edson Gavazzoni, acredita que a noção de empreendedorismo precisa estar alinhada ao ambiente escolar em todos os níveis. “Fazemos, logo existimos. Esse é o novo paradigma civilizatório. Seja com ações extremas ou desafios, os alunos precisam receber esse estímulo para que transformem ideias em ações práticas. Quando eles vivenciam situações diferentes, criam novas possibilidades”, argumentou.
Gavazzoni compartilhou no evento alguns dos mais de dez projetos e ações que desenvolve com alunos do Ensino Médio. “Certa vez propusemos uma visita a uma escola a 25 quilômetros de Cascavel. Eles puderam ver com os próprios olhos que há crianças e jovens como eles que estudam no ‘chão batido’, sem lâmpadas nas salas. Eles ajudaram a transformar essa realidade conseguindo, inclusive, computadores para o laboratório de informática. Empreender também é fazer a diferença”, conceituou.
Para Michelli Ferronato, docente da disciplina de Empreendedorismo no Ensino Superior, da PUC campus Toledo, a educação empreendedora está em estimular a cultura do empreendedorismo nas crianças e jovens. “Nossa disciplina é eletiva e trabalhamos com pessoas dos mais diversos cursos. Entendemos que o empreendedorismo, enquanto cultura empreendedora e não somente escola de negócios, se aplica em todas as áreas”, destacou.
Apoio
Educação Empreendedora é um dos nove capítulos do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, mais conhecido como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, instituído em 5 de outubro de 1999. A legislação favorece a criação de ambiente favorável ao empreendedorismo e às micro e pequenas empresas. Para auxiliar nessa linha estratégica, o Sebrae/PR trabalha a metodologia do Programa Educação Empreendedora.
Neste ano, somente no Oeste do Paraná, o programa deve atuar em 90 escolas de 25 municípios da região, seja com metodologia aplicada ao Ensino Fundamental, Médio, Técnico ou Superior. “Muitos dos depoimentos trazidos a este primeiro encontro do GT do Comitê Territorial dos Pequenos Negócios são de instituições que já aplicam o Programa Educação Empreendedora. Entendemos que essas ações podem gerar outras boas práticas, agora, aplicadas em prol da região como um todo”, observa a gestora do Programa Educação Empreendedora no Oeste, Nara Regiane Reinheimer Pick.
Na avaliação da coordenadora do Curso Técnico em Administração do Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto (CEEP) em Cascavel, Mônica Virgínia Missau, “a metodologia auxilia no desenvolvimento de competências como a criatividade e autonomia nos jovens. O Programa ajudou, até mesmo, na construção da identidade do curso”, contextualizou ao mostrar algumas das práticas desenvolvidas na instituição durante o evento em Toledo.
Além dos representantes de instituições de ensino público e privado da região e Sebrae/PR, estiverem presentes no 1º Encontro do Grupo de Trabalho (GT) de Educação Empreendedora os Secretários Municipais de Educação de Assis Chateaubriand, Foz do Iguaçu, Guaíra, Jesuítas, Reserva do Iguaçu, Terra Roxa; Secretária de Desenvolvimento Econômico de Palotina; chefes dos Núcleos Regionais de Educação de Cascavel e Toledo; e gerência de incubadora da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundetec).