Com recursos do Pro-Rural, espaço utilizado por produtores locais para processar alimentos orgânicos será adequado e equipado. Certificação deve melhorar preços e abrir novos mercados
Um grupo de 35 produtores de alimentos orgânicos de Ribeirão Claro aguarda a certificação de uma unidade de processamento para expandir a produção, negociar melhores preços e ganhar competitividade. O barracão da Associação de Agricultores de Produtos Orgânicos de Ribeirão Claro (APO), que faz o processamento dos alimentos, já possui licenças municipais para funcionamento. Recentemente, a entidade recebeu recursos do Pro-Rural para fazer as adequações e compra de equipamentos necessários à conquista da certificação orgânica.
O consultor do Sebrae/PR, Odemir Capello, explica que o foco do trabalho está na comercialização do produto minimamente processado, porque agrega mais valor. “Eles já estão produzindo mandioca higienizada e embalada a vácuo e a ideia é processar outros alimentos, como a couve, milho, abóbora”, adianta. Só que, apesar de os produtos serem orgânicos, ainda não podem ser vendidos com o selo Produto Orgânico Brasil porque o barracão usado para processá-los não possui a certificação. Segundo ele, o selo garante a rastreabilidade, diferencia o produto e lhe confere mais valor. “É o que vai garantir a competitividade no mercado”, pontua.
Hoje, os produtos de Ribeirão Claro são comercializados a preços iguais aos dos alimentos convencionais. A engenheira agrônoma da Emater, Denise Lutgens Rizzo, explica que a certificação exige o cumprimento de uma série de normas referentes ao manejo do solo, qualidade da água, e até da mão de obra aplicada na produção. “A produção orgânica é acompanhada por cadernos de campo e possui rastreabilidade”, acrescenta. No Paraná, o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar Cert) é credenciado pelo Ministério da Agricultura para fazer a avaliação de conformidade orgânica. “A certificação é um meio importante para que a informação chegue ao consumidor”, aponta.
Os alimentos orgânicos resultam de um sistema de produção que não utiliza defensivos agrícolas ou sementes transgênicas. Graças aos métodos naturais de adubação e controle de pragas, o solo e demais recursos naturais são preservados e usados de maneira sustentável. Em Ribeirão Claro, além da mandioca, há produção de folhosas em geral, como alface, couve, cheiro verde, além de frutas como banana, morango, abacaxi, amora preta, e macadâmia. Em pequena escala, a APO também produz tomate seco, molho de tomate, banana passa e outros doces em vidro. Os alimentos são vendidos em mercados de Ribeirão Claro, Jacarezinho e Ourinhos, feiras, e estão presentes na merenda.
O presidente da APO, Roberto Felipe, diz que a certificação da unidade de processamento será fundamental para ampliar a comercialização dos produtos. “Já temos empresas interessadas na mandioca, por exemplo, mas que exigem a certificação do barracão”, justifica. Na avaliação de Felipe, que também é produtor de orgânicos, ainda falta conhecimento da população local sobre a produção, por isso, os preços estão abaixo do mercado nacional. Apesar disso, muitos produtores vivem apenas do cultivo e comercialização de alimentos orgânicos. “Somos referência na produção. O apoio dos parceiros tem sido fundamental”, avalia.
Maria Luizete Brambila é uma das produtoras certificadas do projeto Vida na Horta de Ribeirão Claro que sobrevive exclusivamente da venda de orgânicos. Na Chácara Modelo, de meio alqueire, ela planta couve, almeirão, chicória, rúcula, cebolinha, salsa e alguns legumes desde 2009. “Precisamos da certificação do barracão para melhorar os preços”, opina. Segundo ela, com a unidade de processamento certificada, será possível expandir a clientela. O projeto Vida na Horta tem o apoio do Sebrae/PR, Emater, Prefeitura de Ribeirão Claro, Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios (Neat), Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp), Sindicato Rural.
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