Apesar dos fortes impactos da pandemia da Covid-19 sobre a economia brasileira, o número de microempreendedores individuais (MEI) continuou a crescer e tem batido recordes de formalizações ano a ano. Somente em 2020 e 2021, foram criados 5,7 milhões de MEI, sendo que a atividade que mais apresentou adesões foi a de comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios, com cerca de 380 mil formalizações.
As informações constam em levantamento feito pelo Sebrae, com base em dados da Receita Federal entre os anos de 2018 e 2021. Das 380 mil formalizações registradas, 38.486 (10,12%) são do Paraná: o comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios lidera, com crescimento de 14,35% (17.954 em 2020 para 20.532 MEI em 2021); o segmento de promoção de vendas, também ligado ao comércio de roupas, vem em seguida, com aumento de 25,37% (15.152 em 2020, 18.997 em 2021).
Mariana Carvalho, consultora do Sebrae Paraná, observa que a formalização dos MEI acontece por oportunidades ou necessidade. Com o impacto econômico da pandemia, muitas pessoas adotaram o segundo caminho.
“A prestação de serviços, por exemplo, requer algum talento, habilidade ou competência profissional vinculada. No setor de alimentação, o custo inicial para formalização é mais alto. De todas as possibilidades, a de investimento mais baixo é o comércio, principalmente de vestuário e acessórios”, compara Mariana.
A consultora do Sebrae Paraná aponta um outro fator para o crescimento de formalizações no setor de comércio de roupas. “A pandemia acabou influenciando, e adiando, muitos projetos, como viagens. Entrou aí o consumo de compensação, em que as pessoas deixaram de consumir em outras áreas e passaram a comprar o que era permitido”, resume.
A conveniência e a divulgação nas redes sociais também contribuíram para o crescimento dos MEI. Em Pranchita, no sudoeste do Estado, Suellen Klahn formalizou-se como MEI em novembro de 2021. Estudante de Enfermagem, ela buscava empreender em uma área que permitisse gerar renda com horários flexíveis. Ela não conta com estrutura física: divulga as roupas femininas da Divino Armário no Instagram e entrega os condicionais nas casas das clientes.
“O MEI é uma empresa e, como qualquer outra, precisa de tempo para se estabelecer. A lucratividade ainda não é a esperada. Mas, o comércio de roupas tem um investimento inicial menor e o retorno é mais rápido. Ajuda o fato de não ter loja física”, avalia Suellen.

Também no sudoeste do Estado, de Mangueirinha, Claudia Camargo dos Santos, tornou-se MEI em maio do ano passado. A CF Modas e Modas tem loja física e o negócio é visto como uma oportunidade de mercado.
“Comercializamos especialmente artigos relacionados à modinha, visando público que não encontra peças semelhantes na cidade. As vendas ainda não atingiram as expectativas, mas há potencial, ainda mais com o avanço da vacinação e a diminuição dos casos de Covid”, analisa Claudia, que contratou uma funcionária há um mês e está investindo em um sistema para gerenciar a loja.
Em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, quem atua como microempreendedora individual, com a comercialização de acessórios, é Priscila Grignoli Funari. Ela conta que o “boom” nas vendas ocorreu em 2021, período em que apostou nas redes sociais, como o Instagram e Facebook. Antes disso, as comercializações aconteciam de ‘boca a boca’. Cerca de 60% dos clientes da loja virtual estão concentrados em Ponta Grossa e os demais estão espalhados por Guarapuava, Irati, Curitiba e algumas cidades de São Paulo.
Para sair na frente, Priscila enfatiza que é necessário estar atenta às tendências. Outra dica, segundo ela, é fazer parcerias com lojas de vestuário, por exemplo. “Desta forma, já é possível entregar um look completo para os clientes”, afirma. Com a concorrência do mercado, Priscila investe ainda em cursos de marketing. “O mundo digital disponibiliza muitos recursos, por isso procuro me capacitar para atingir um número cada vez maior de potenciais clientes”, comenta.

Ranking das atividades MEI com maior número de formalizações em 2021, no Brasil
Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios: 203.804.
Promoção de vendas: 175.442.
Cabeleireiros, manicure e pedicure: 134.391.
Obras de alvenaria: 122.807.
Fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para consumo domiciliar: 109.277.
Preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificados anteriormente: 107.025.
Restaurantes e similares: 81.126.
Lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares: 77.626.
Transporte rodoviário de carga, exceto produtos perigosos e mudanças, municipal: 75.217.
Comércio varejista de bebidas: 73.526.

Sobre o Sebrae 50+50
Em 2022, o Sebrae celebra 50 anos de existência, com atividades em torno do tema “Construir o futuro é fazer história”. Denominado Projeto Sebrae 50+50, a iniciativa enfatiza os três pilares de atuação da instituição: promover a cultura empreendedora, aprimorar a gestão empresarial e desenvolver um ambiente de negócios saudável e inovador para os pequenos negócios no Brasil. Passado, presente e futuro estão em foco, mostrando a evolução desde a fundação em 1972 até os dias de hoje, com um olhar também para os novos desafios que virão para o empreendedorismo no país.

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