Estudos desenvolvidos pelas prefeituras paranaenses ajudam a projetar o futuro do trânsito e a reduzir os acidentes com mortes, principais pontos de conscientização da campanha Maio Amarelo
Estamos no mês Maio Amarelo e não temos como conscientizar a população sobre redução de mortes no trânsito sem falar sobre os planos municipais de Mobilidade Urbana (PMU), desenvolvidos por engenheiros. Alguns municípios estão em fase de finalização dos planos, como Maringá, Apucarana, Cascavel, Curitiba, Pato Branco e Guarapuava. Londrina e Ponta Grossa já concluíram, como previsto em lei federal.
O estudo exigido em todo o Brasil traz diagnósticos, análises e projeções sobre o sistema viário, transporte público, trânsito, rotas acessíveis, pedestres e malha cicloviária. Além de humanizar o trânsito e nortear o planejamento de longo prazo em mobilidade nas cidades brasileiras, os PMUs também devem frear o crescimento da frota paranaense, principalmente de motocicletas – principal veículo com registro de vítimas fatais em acidentes de trânsito.
Crea-PR ativo
Um levantamento realizado nas oito regionais do Conselho Regional de Engenheira e Agronomia do Paraná (Crea-PR), com dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), mostra o quanto as frotas desses municípios sedes cresceram, mesmo diante da pandemia. No caso das motocicletas, o crescimento exagerado da frota também se dá por questões econômicas, causada pela alta no preço dos combustíveis.
Especialistas da área, como o conselheiro do Crea-PR, Rafael Fontes Moretto, dizem que sem uma política urgente de investimentos, até 2030 teremos problemas sérios no trânsito e, consequentemente, mais mortes em acidentes. Então, é preciso reestruturar o transporte público e desestimular o tráfego de veículos motorizados, colocando os pedestres e ciclistas como prioridades.
Moretto, que é especialista em Infraestrutura e Transportes, ressalta ainda que com o aumento de veículos nas ruas, ano após ano, o trânsito atingirá sua capacidade máxima em breve. Os investimentos sugeridos são a construção de centros de distribuição longe das grandes cidades; o foco em outras malhas, como ferrovias, metrovias, hidrovias e ciclovias; o cumprimento das projeções de pavimentação e o melhoramento de vias existentes, com ampliação da capacidade e obras especiais (viadutos, pontes, túneis) para melhorar a fluidez.
Outros engenheiros que estudam o trânsito no Estado afirmam que as pessoas só irão deixar o veículo individual em casa se o transporte público for atrativo, rápido, eficiente e confiável – melhorias possíveis quando há políticas públicas eficazes. Eles também explicam que reduzir os carros nas ruas tornará o trânsito mais rápido, seguro e humano, além de menos poluente. Então, o Plano vem para propor discussão e fazer projeções que garantam mobilidade satisfatória para toda a população.
Números
Há alguns anos, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) tem divulgado que 90% dos acidentes graves são ocasionados por fator humano, sendo grande parte por imprudência. Mas temos que considerar outros fatores como importantes nas análises, como falta de manutenção das rodovias ou dos veículos, por exemplo.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), no primeiro trimestre de 2022 foram registrados 14.976 acidentes nas rodovias federais do Brasil, com 17.115 pessoas feridas e 1.283 óbitos. No mesmo período, no Paraná, foram 1.669 acidentes e 131 mortes. Já em 2021, em todo o ano, foram 64.518 acidentes, com 71.804 feridos e 5.393 óbitos.
História
O Movimento Maio Amarelo foi criado em 11 de maio de 2011, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito. As ações foram prorrogadas, fixando o período 2021-2030 como a segunda década pela segurança no trânsito. Neste novo período, a meta do Brasil é reduzir em 50% as mortes em acidentes de trânsito.
O Crea-PR ajuda os engenheiros e municípios por meio de um caderno técnico da Agenda Parlamentar sobre Mobilidade Urbana, com informações sobre as Diretrizes dos Órgãos Nacionais de Trânsito e Transportes; Políticas Nacionais da Mobilidade Urbana Sustentável; Programa de Infraestrutura de Transporte, Mobilidade Urbana e Sistema Nacional de Trânsito; Código de Trânsito Brasileiro; Sistema Viário e Trânsito Urbano e Municipalização do Trânsito.