Nos últimos anos, os problemas referentes à degradação do solo se agravaram no Paraná em decorrência de fatores climáticos, com intensos períodos com chuvas de grande potencial de erosividade. Aliado a isso, o abandono de práticas conservacionistas básicas nas áreas de exploração ajudam a potencializar os processos erosivos.
Dados da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) mostram que nos últimos dois anos, de 2016 a 2018, 1.659 ações de fiscalização foram realizadas em todo o Estado por meio do Programa de Fiscalização do Uso do Solo Agrícola. Segundo o coordenador do Programa, o Engenheiro Agrônomo e Fiscal de Defesa Agropecuária, Luiz Renato Barbosa, as ações foram originadas, em parte, por iniciativa dos fiscais durante a rotina de trabalho; por denúncias relativas ao mau uso do solo agrícola, que resultam em danos erosivos e degradação do solo agrícola; ou a pedido do Ministério Público.
“A boa notícia é que, como resultado das ações fiscais, temos verificado que a classe produtiva tem buscado a readequação das áreas”, diz o coordenador. Do total de atendimentos, apenas 30% dos produtores não realizam as medidas corretivas que são exigidas na fiscalização. Os outros 70% apresentam o Plano de Conservação de Solo Águas (PCSA) ou Laudo Técnico (LT) e concluem as obras, com a ‘baixa’ da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), por profissionais habilitados, como forma de comprovar a adoção de medidas corretivas.
“O projeto técnico e a execução das medidas de conservação do solo devem ser realizados por profissionais habilitados no Crea-PR, que registram a Anotação de Responsabilidade Técnica das atividades. Ao produtor cabe seguir as recomendações do profissional de forma a resolver os problemas existentes e preservar o solo, prezando pela sustentabilidade da produção agrícola para as gerações atual e futura”, frisa o gerente do Crea-PR, em Ponta Grossa, o Engenheiro Agrônomo Vânder Della Coletta Moreno.
Conforme o coordenador do Programa da Adapar, o uso de áreas para exploração, sem atender à capacidade do solo agrícola; os sistemas de manejo produtivo adotados de forma equivocada, pela prática do plantio ‘morro abaixo’; as retiradas dos sistemas de terraceamento; o constante processo de compactação dos solos pela falta de técnicas de rotação de cultura e o trânsito excessivo de máquinas e equipamentos, sem os devidos cuidados, são fatores preponderantes para o agravamento das perdas de solo agrícola no Estado.
“A recomendação é que a exploração agrícola seja precedida por sistemas de manejo produtivos e pautados nas recomendações da assistência técnica de profissionais habilitados, respeitando as classes de capacidade de uso do solo agrícola, mediante a adoção de práticas e técnicas propostas pelas instituições de pesquisas oficiais”, cita.
Ciência do Solo
De 28 a 31 de maio, acontece a VI Reunião Paranaense de Ciência do Solo, em Ponta Grossa. O evento, que neste ano terá como tema “O Desafio da Produção Agropecuária com Baixo Impacto Ambiental”, é promovido pelo Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (NEPAR-SBCS), em conjunto com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e terá como sede o Premium Vila Velha Hotel. O Crea-PR é um dos apoiadores do evento.
Com o propósito de contribuir para a preservação do recurso solo aliada à produção agrícola, o NEPAR-SBCS publicará o Manual de Manejo e Conservação do Solo e da Água para o Estado do Paraná. A obra apresenta, numa linguagem direta, estratégias técnicas para um adequado manejo e conservação do solo e da água. Participaram na elaboração do Manual 72 profissionais (professores, pesquisadores e extensionistas) de 16 instituições (universidades, órgãos de pesquisa, secretarias de estado, e serviço de extensão rural).