A partir da segunda metade de dezembro Priscila Moser e Tiago Charão de Oliveira irão assumir o cargo de adido agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no exterior. Priscila vai para Buenos Aires, na Argentina e Charão para Hánoi, no Vietnã. Ao todo dez novos adidos agrícolas irão assumir missões diplomáticas: Argentina, Vietnã, China, México, Coréia do Sul, Rússia, Arábia Saudita, Tailândia, África do Sul e Índia. Além do Rio Grande do Sul também estão na lista profissionais que trabalham em Brasília, Rio de Janeiro e Mato Grosso.
Priscila, que exercia o cargo de coordenadora do Lanagro-RS, já morou na Argentina para realizar um intercâmbio durante a faculdade e isso facilita na adaptação no país e no contato com autoridades e entidades locais. A ideia é também atender Paraguai, Uruguai, Bolívia e Chile. “Acho que o maior desafio é o profissional, sair de um local com relações estabelecidas e começar tudo de novo. A mudança de enfoque do trabalho com novos projetos demanda muita flexibilidade”, destaca. Com presença marcante do cultivo de grãos como trigo, milho e soja e produção de carne bovina, o desafio do Brasil em relação ao país vizinho é o fortalecimento regional, visando, inclusive, terceiros mercados e a harmonização de regulamentos técnicos dentro do Mercosul. Neste momento o Brasil e a Argentina estão trabalhando fortemente para que o acordo Mercosul e União Europeia se concretize após décadas de negociações.
Para Charão, que era chefe da Divisão Técnica Laboratorial (DLAB), do Lanagro-RS, o desafio será montar um posto e criar relações do zero já que o país vietnamita nunca teve um adido agrícola brasileiro. Hanói, além de ser a capital, é a segunda maior cidade do Vietnã. Com um cinturão agrícola é a segunda maior exportadora de café do mundo, atrás apenas do Brasil, e também tem forte presença da cultura do arroz, criação de aves e pescado. “Em um primeiro momento vai ser, efetivamente, uma função de base. Sair de uma cargo mais gerencial no Lanagro-RS para um bem mais operacional”, destaca. Ele também conta que toda a família está se reorganizando para acompanhar esta mudança de país e cultura. Quanto ao idioma garante que está quase lá: “estou estudando. Tudo é uma questão de se adaptar e memorizar os símbolos para aprender a gramática. A língua vietnamita tem uma mistura de chinês e francês”, conta.
Como foi a seleção:
O processo começou em novembro de 2016 com a seleção para o quadro de acesso do Mapa. Só podem concorrer a adidos profissionais que fazem parte deste quadro. Para este processo foram quatro fases: análise de currículo, prova escrita objetiva e redação sobre conhecimentos gerais, conhecimentos de agronegócio e diplomacia internacional, análise de perfil psicológico e entrevista oral em inglês. Nesta primeira etapa quatro representantes do Rio Grande do Sul passaram.
A partir disso foi realizado o primeiro treinamento dentro do quadro de acesso, em Brasília, para qualificar os servidores de acordo com as políticas do Mapa para quem deseja concorrer ao cargo de adido.
Para a seleção de adido de fato os candidatos tinham que optar por até três opções de países entre os dez já pré-determinados. Seguiram-se mais duas etapas: escolha por currículo e entrevista. Foram escolhidos cinco candidatos por vaga que aguardaram a lista tríplice.
Com a publicação da lista, os três selecionados fizeram, inicialmente, um curso de duas semanas. Foram treinamentos, na capital federal, na sede do Mapa para conhecer a estrutura e organização e no Instituto Rio Branco sobre diplomacia. A partir daí os primeiros colocados seguiram para mais duas semanas de treinamento, começando pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), em Brasília. Em São Paulo o grupo visitou empresas e entrepostos logísticos relacionados com o setor produtivo de atividades como produção de ração, citros, indústria de açúcar e álcool e vacinas animais, além do Porto de Santos. Também puderam se reunir com representantes desses setores para conhecer as demandas.
A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União no dia 10 de novembro, por decreto presidencial.
O que faz um adido agrícola?
Os adidos agrícolas são considerados estratégicos para abrir novos mercados para o Brasil no mundo. Entre suas principais funções estão promover os produtos agropecuários brasileiros e remover obstáculos às suas importações pelos países consumidores. Esses profissionais trabalham ainda na identificação de tendências de mercados, barreiras e oportunidades para os produtos do agronegócio brasileiro, visando acelerar negociações entre os governos e ampliar o comércio de produtos agrícolas entre os países bem como alertar para ameaças que possam causar impacto às exportações. Atualmente há oito missões desse tipo: União Europeia (Bélgica), Argentina, Organização Mundial do Comércio (OMC – Suíça), Rússia, China, África do Sul, Japão e Estados Unidos.
Perfil
PRISCILA RECH PINTO MOSER
Natural de São Paulo. Possui graduação em Medicina Veterinária (2004) e mestrado em Ciências Veterinárias (2006) com ênfase em Sanidade Avícola, ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Há dez anos é Auditora Fiscal Federal Agropecuária do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa). Atuou como Coordenadora do Laboratório Nacional Agropecuário do Rio Grande do Sul (Lanagro-RS), onde gerenciava 14 unidades laboratoriais, em 4 unidades físicas. Já trabalhou na iniciativa privada, no setor de carnes e no serviço público estadual do Rio Grande do Sul. Possui experiência em recebimento de missões externas, tendo recebido nos últimos cinco anos, diversas missões e visitas técnicas, de diferentes países.
TIAGO CHARÃO DE OLIVEIRA
Natural de Triunfo, região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, possui graduação em Licenciatura Plena em Química (2002) e Bacharelado em Química (2004), ambos pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), mestrado em Biologia Celular e Molecular (2006) e Doutorado em Química (2016), ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Há 10 anos exerce a função de Fiscal Federal Agropecuário no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, lotado no Laboratório Nacional Agropecuário do Rio Grande do Sul (Lanagro-RS). Há dois anos atua como chefe da Divisão Técnica Laboratorial (DLAB). Tem experiência na área de Química, com ênfase em Instrumentação Analítica, Metrologia e Planejamento Multivariado.