Evento contou com 70 participantes e discutiu a real função do empoderamento na sociedade

Com o objetivo de reunir mulheres que desempenham papéis de liderança e de motivar outras a ocuparem espaços de protagonismo na sociedade, o Sebrae/PR realizou nesta quarta-feira (26), em parceria com a Caciopar, Fecomércio PR e Câmaras da Mulher do Paraná, a capacitação “Inteiras para Liderar”. O evento, que integra o Programa Polo de Liderança Sebrae, teve como principal objetivo a discussão sobre o real empoderamento feminino e reuniu 70 mulheres de diversas cidades da região oeste do Paraná.

“Entendemos que a mulher precisa estar preparada para ocupar posições de liderança. Muitas, no entanto, se preparam para isso, mas encontram obstáculos para atingirem seus objetivos. Compreender o que é empoderamento e como esse conceito pode ser aplicado para promover mudanças na sociedade é fundamental”, destaca a coordenadora estadual da linha estratégica de Liderança do Sebrae/PR, Rosângela Angonese.

Salete Aparecida de Oliveira Horst, atual secretária de governo do município de Foz do Iguaçu, foi uma das palestrantes do encontro. Ela detalhou vivências que a fizeram pensar sobre quem é, qual lugar ocupa e aonde pode chegar.

“Nós, enquanto mulheres, encontramos muitos desafios para alavancar as nossas carreiras. O primeiro que eu encontrei, foi eu mesma. Quebrar paradigmas e assumir posições de liderança que vão além da nossa casa é assustador para muitas. Eu precisei me redescobrir enquanto pessoa e profissional para hoje ser quem eu sou”, introduz.

Durante a palestra, Salete levou para o público o conceito da “síndrome da impostora”, que pode ser definida como a falta de autoestima e confiança que as mulheres sentem para assumir funções tradicionalmente masculinas. A partir deste comportamento, a mulher é levada à necessidade de trabalhar mais e melhor para ter o direito de ser reconhecida como competente ou “tão boa quanto qualquer homem”.

“A mulher não deve trabalhar para ser igual ou melhor que o homem. Mulheres e homens são diferentes por variadas questões, mas é necessário trabalhar para que a sociedade respeite essas diferenças. Aí, sim, o empoderamento pode ser uma ferramenta para promover essa mudança e o primeiro passo vem de dentro: nós precisamos parar de sentir tanta culpa”, indica.

Segundo a professora Lia Mara Rossi, doutora em Ciências da Saúde pela FCMSCSP (2010) e Mestre pela USP, que ministrou a palestra intitulada “neurobiologia das emoções para o espetáculo da vida”, essa culpa aparece em variados momentos – e é papel das mulheres entender que só elas podem mudar essa realidade.

“Estamos em vários lugares, fazendo várias coisas ao mesmo tempo. Mas ainda somos barradas por questões como a maternidade, limitação do capital social, assédio e preconceito, falta de confiança e ambição, aparência pessoal e até resistência à liderança feminina. É preciso que nós, mulheres, mudemos o nosso pensamento. Não podemos mais nos vitimizar a respeito de uma sociedade injusta que nos rebaixa. Precisamos encarar cada pedra no caminho como mais uma que irá dar sustentação ao nosso crescimento”, provoca.

Diante das reflexões promovidas a partir das palestras de Salete e Lia Mara, a coordenadora estadual das Câmaras da Mulher, Cláudia Colpi, acredita que muitas participantes puderam sair do evento com uma visão renovada. “Esses encontros nos proporcionam muito conhecimento e promove mais união entre as mulheres. Hoje, identificamos que 45% dos empreendedores são mulheres e esse número tende a aumentar porque discussões como a de hoje instigam a mulher a se encorajar e despertar o melhor de si”, conclui.

Empreendedorismo feminino no Brasil

Segundo relatório especial produzido pelo Sebrae, nos últimos dois anos, o número de mulheres empreendedoras que estão atuando como provedoras de suas casas passou de 38% para 45% só nos últimos dois anos. O estudo constatou ainda que as representantes do sexo feminino empreendem movidas, principalmente, pela necessidade de ter uma outra fonte de renda ou para adquirir a independência financeira.

O relatório indica, ainda, que as mulheres empreendedoras são mais jovens e têm um nível de escolaridade 16% superior ao dos homens. Entretanto, elas continuam ganhando 22% menos que os empresários, uma situação que vem se repetindo desde 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, dados da Pesquisa GEM revelam que mais de 50% das novas empresas brasileiras são projetos comandados por mulheres.

Compartilhe nas redes sociais