O número de Engenheiras tem crescido nos últimos anos, de acordo com levantamento do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR). A pesquisa aponta que o número de profissionais registradas no Conselho passou de 9.609, em 2014, para 12.546 neste ano – aumento de 24%. Na Regional Pato Branco do Crea-PR, que compreende o sudoeste do Estado, o índice é ainda maior no mesmo período: 37%.

O Engenheiro Agrônomo Gilmar Ritter, gerente da Regional Pato Branco do Crea-PR, explica que, mesmo faltando pouco mais de um mês para o final de 2018, os números não devem sofrer alterações significativas até o ano acabar.

“A maioria das colações de grau das faculdades acontece no início e no meio do ano. Vale ressaltar que a participação feminina nas Engenharias e Agronomia vem aumentando a cada ano”, analisa Ritter.

Para o gerente, a maior presença das mulheres nas Engenharias deve-se a mudanças de comportamento na sociedade e também ao aumento do número de cursos na região.

“Tivemos crescimento significativo nos últimos anos. São 23 cursos de Engenharia no Sudoeste, o que ampliou a possibilidade de ingresso das mulheres nas instituições acadêmicas”, relata.

A nova realidade também pode ser verificada na própria Regional Pato Branco do Crea-PR: dos 17 inspetores, cinco são mulheres. Karlize Posanske, Engenheira Civil, é coordenadora regional do Colégio de Inspetores da Regional Pato Branco Crea-PR e inspetora-chefe da Inspetoria de Palmas.

Graduada há três anos, Karlize acredita que o aumento de mulheres nas Engenharias é consequência de muita luta.

“É resultado do nosso esforço e dedicação. Temos mulheres na diretoria do Crea-PR, em comitês, e temos voz ativa nas discussões. Há problemas, claro, como mestres de obra e pedreiros não acatarem nossas decisões e até casos de assédio sexual, mas isso está mudando”, avalia.

A Engenheira Civil espera um crescimento ainda maior nos próximos anos, por conta da “busca das mulheres por espaços, por demonstrarem que têm força, iniciativa e capacidade”. Karlize lembra ainda do exemplo de Enedina Alves Marques. Natural de Curitiba, ela graduou-se Engenheira Civil em 1945, sendo a primeira negra no Brasil a se formar em Engenharia e a primeira mulher a ter essa graduação no Paraná.

Nesta semana, em sua página na internet, o Crea-PR homenageou a memória de Enedina Marques ao celebrar o Dia da Consciência Negra (20 de dezembro).

Meio a meio
A Engenheira Agrônoma Marlene de Lurdes Ferronato é chefe da Inspetoria de Pato Branco do Crea-PR e professora doutora da UTFPR – Câmpus Pato Branco na área de Ciências Agrárias.

Formada há 26 anos, Marlene compara o período em que foi estudante com as atuais turmas da universidade. “Quanto entrei na faculdade, a turma tinha três mulheres. Hoje, no curso de Agronomia da UTFPR em Pato Branco, as mulheres são praticamente metade das turmas”, ressalta.

Marlene aponta a abertura do mercado de trabalho como uma das causas da maior participação feminina. “Anteriormente, as mulheres só trabalhavam nas áreas de pesquisa e educação. Ninguém contratava agrônomas para cooperativas, por exemplo. Agora, há muitas extensionistas, que trabalham diretamente com os produtores, nos aviários, na linha do meio ambiente, nas secretarias”.

A professora aposta em mais mulheres Engenheiras nos próximos anos. “Se está meio a meio na universidade, no futuro haverá reflexo no mercado de trabalho”, conclui.

Comitê Mulheres do Crea-PR
Desde o início de 2017, o Crea-PR conta com o Comitê Mulheres, que objetiva fomentar o aumento da participação feminina nas decisões e em tudo que envolve o sistema Confea/Crea e as profissões da Engenharia, Agronomia e Geociências. Atualmente, o Comitê é coordenado pela engenheira agrônoma Márcia Laino, que, neste segundo semestre, tem liderado o trabalho do grupo na produção de uma cartilha contra o assédio no canteiro de obras.

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