Após processo de autoconhecimento, Jocimara Barros de Oliveira contou com apoio do Ponto de Atendimento ao Empreendedor para profissionalizar negócio atual

A baiana radicada em Maringá desde 2015, Jocimara Barros de Oliveira, conhecida como Jô, inaugurou este ano na cidade um ponto comercial para o Jô Afro Hair, salão onde ela, que é técnica trancista, atende um público variado, mas com foco em “ajudar a resgatar a identidade e a autoestima da mulher preta”, diz.

Mas a história de empreendedorismo de Jô vem de muito antes. Desde cedo, ainda na Bahia, ela vendia cocadas e sonhos para ajudar a comprar os próprios materiais escolares. Sempre com a mãe, foi de sacoleira a camelô na feira, até que em 2011 se formalizou como microempreendedora individual (MEI) e passou a atuar com um pequeno comércio na cidade de Camamu (BA).

“Sou Jocimara, filha de Nilton, pescador e agricultor, e de Elizabete, marisqueira. Tinha o sonho de cursar Administração e de ser dona da minha própria empresa, algo que era tão longe da minha realidade. Mas eu empreendia na Bahia e, depois de me mudar para Maringá, de vencer um relacionamento abusivo e de superar um período depressivo, empreendi de novo. Sou uma sobrevivente”, declara Jô.

Foi em 2015 que Jô precisou se mudar para Maringá por conta então casamento. Logo que chegou, iniciou curso técnico em Administração e passou a procurar estágio na área. Sem encontrar oportunidades, trabalhou em restaurantes, salão de beleza, operadora de telemarketing e oferecia serviço de trancista em casa.

“Quando ia procurar vaga de estágio em Administração, diziam que eu não me enquadrava, mas que havia vaga para serviços gerais. Não me deixei abater, busquei emprego em outras áreas e virava a noite trançando cabelos, algo que faz parte da nossa ancestralidade”, conta Jô.

Em meio aos diversos desafios pessoais e profissionais, Jô passou por um processo de autoconhecimento e de redescoberta como mulher preta e crespa, justamente onde morava a oportunidade de um salão como foco no atendimento a mulheres pretas.

“Vivi um processo de transição capilar e me descobri linda como mulher crespa. Aprendemos desde criança que nosso cabelo é ruim. Assumir meu cabelo, deixar de alisar, foi um grande resgate da minha identidade como mulher preta. Comecei a me aprofundar como trancista e desenvolvi minha própria técnica, que é indolor. Isso me fortaleceu a continuar meu legado como empreendedora, agora com esse novo negócio e propósito”, explica Jô.

Atualmente, o atendimento é com hora marcada, já que o trabalho é minucioso e exige tempo. Entre as opções, há a trança nagô, box braid (com uso de fibra), crochet braid, entrelace (extensão de fios) e outras – o salão é reconhecido com o prêmio Destaque Empresarial 2023, realizado, em Maringá, pela Conexão Pesquisas e Publicidades.

“Não é só trançar cabelo. É explicar sobre os cuidados, a durabilidade e, mais do que isso, reafirmar a beleza da mulher preta. Atendo muitas clientes machucadas, que acreditavam que não eram bonitas. A trança é um dos métodos protetivos recursos que ajudam a realçar a nossa beleza”, declara Jô, que sonha em iniciar o projeto “Jô Empodera” para apoiar mulheres pretas.

Ponto de Atendimento ao Empreendedor

Foi depois de montar um espaço em casa e de ver a demanda crescer que Jô inaugurou seu ponto comercial, neste ano. Com apoio do Ponto de Atendimento ao Empreendedor (PA), canal de atendimento aos empreendedores do Sebrae/PR em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim), ela tem buscado estruturar o negócio.

A empreendedora participou de rodada de conexão com outras empresas, de programa para mulheres empreendedoras, de feiras e passou a integrar o Núcleo Setorial de Profissionais da Beleza do Programa Empreender da Acim – grupo de empreendedores que realizam ações conjuntas para impulsionar negócios participantes.

“Recebi orientações sobre dívidas, tanto que esperei para alugar meu ponto comercial por isso. Estou focando no marketing do meu negócio, que aparece bem ranqueado na busca do Google, e no Instagram. Tenho uma trancista que trabalha comigo, consigo sustentar o meu negócio e me sustentar. Agora, farei consultorias individuais para aprimorar a gestão”, comemora Jô.

Agente no PA, Stefane Caroline Soares conta que Jô tem aproveitado as diversas ações disponíveis e realizado networking.

“Ela conta que a partir da primeira apresentação para outros empresários, sentiu-se dona do próprio negócio. Ficamos satisfeitos em poder contribuir com a construção dessa história”, diz Stefane.

No PA, empreendedores encontram consultorias especializadas, orientações empresariais, cursos, workshops, teste de viabilidade e outros serviços. Só neste ano, os PA no Paraná realizaram 6,8 mil orientações.

“Com as parcerias com as associações comercias, onde ficam os PA, o objetivo é desenvolver os pequenos negócios dando suporte para uma melhor qualidade na gestão. É uma solução para todos os públicos, especialmente para aqueles que mais enfrentam desafios para conseguir levar seu negócio adiante”, frisa o consultor do Sebrae/PR, Luciano do Marco Campos.

Em Maringá, o PA fica localizado na Acim (Rua Basílio Sautchuk, nº 388). O telefone é o (44) 3025-9664.

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